Nasceu na Ilha de São Jorge, de lá cruzou o Atlântico duas vezes, rumo aos Estados Unidos. Não sei precisar a data em que foi residir para a cidade da Horta, já casado e, com quatro filhos. Chamava-se João Silveira Borges Jr., mas para nós era simplesmente o NICAS.
É raro o dia em que não me lembre dele, e já passaram tantos anos!
Nunca foi um Homem daquela época, pois brincava connosco de igual para igual, era um amigo, um companheiro, estando sempre presente nos bons e maus momentos. Lembro-me, nas noites de grandes tempestades em que a minha irmã lhe dizia:"Nicas dá-me a tua mão", e ele ali estava sempre pronto a amparar-nos e ao mesmo tempo a transmitir-nos uma confiança tão grande que eu ainda hoje não sei explicar.
Sinto que com o seu exemplo de bondade nos ajudou muito a seguir na Vida com coragem, determinação e muito Amor.
Nos meus 14 anos, numa manhã, igual a tantas outras, vim vê-lo fazer a barba e pentear o seu bonito e farto bigode. Não sei porquê perguntei-lhe:"Nicas estás a pôr-te tão bonito", não hesitou na resposta: "Sabes minha neta que vou hoje fazer uma grande viagem", confesso que não liguei muito ao que me disse, e o dia continuou. Nessa noite, dia 27/01/1948, deixou-nos para sempre.
Foi nessa altura que conheci ou melhor me encontrei com a palavra SAUDADE. E, mais uma vez aqui estou a meio da noite recordando o meu muito querido Avô Nicas.
Hoje escrevo para os meus netos, oxalá um dia, também possam pensar da mesma maneira, da Bikas (como me chamam ) e do avô Iquis. Eu Acredito que isso irá acontecer.